O tempo de análise
Quanto tempo dura um tratamento?
Ouve-se na clínica, logo no início do tratamento: “... e quanto tempo até eu me curar?” e aqui a reflexão pode se apoiar na fabula de Esopo, quando dito ao caminhante em resposta à duração da jornada: “Caminha!”
Tal como a fábula, é necessário que se saiba o tamanho do passo do caminhante, ao mesmo tempo que esse pode ser alterado facilmente, muitas vezes indo lentamente, de forma acelerada e/ ou em sua alternância. E como todo paradoxo que se preze, este também se mantém irrespondível.
A angústia é sintoma de que algo não vai bem e instaura o início do tratamento já visando ansiosamente o final. Mas é durante esse processo, que diversas variáveis são descobertas, e que diversos conteúdos inconscientes tomam consciência, construindo uma complexa rede de novos significados e reflexões que por constatação empírica não serão velozes em suas resoluções. Vale lembrar que a linguagem em terapia é a linguagem inconsciente: a qual é atemporal. Portanto, ao caminhar, é o paciente que em determinado momento se autoriza analista e marca o fim de sua própria análise, tendo em vista seus conteúdos que são únicos e individuais, e assim segue fielmente às suas necessidades de bem estar e sumariamente sua sobrevivência.
Enfim, a resposta para tal pergunta não se encontra em uma previsão e/ ou fixação de prazo, mas sim no enfoque do processo em si e na reconstrução de uma cadeia imensurável de significados e interpretações.
Mais uma vez, como em sua maioria na psicologia, a resposta se torna: “Então... depende!”