"Todo mundo deveria fazer terapia!", será?
Que a terapia proporciona bem-estar com o tempo, e que no geral a experiência que se tem com o processo é de grande satisfação, não há dúvidas! Mas será mesmo que todo mundo deveria fazer terapia?
A terapia busca auxiliar o cliente a encontrar novas possibilidades frente aos desafios que enfrenta em sua vida. Desafios esses que sabemos que pertencem à jornada do viver e que o sofrimento é fixado ao existir e faz parte do ser humano. Portanto, a verdadeira indagação se encontra na estrutura deste desafio e deste sofrimento.
Existe hoje uma epidemia de encaminhamentos e indicações de terapia feitas por pessoas que talvez não possuam conhecimento específico o suficiente para tal, sejam elas profissionais de outras áreas ou aquele amigo que não pode ver um comportamento diferenciado por sua parte que logo diz “Vai pra terapia”- frase a qual se tornou pejorativa ao longo do tempo, como se fosse o desejo de algo ruim.
É então que algumas reflexões se fazem válidas. Isso que enfrento no momento, me traz sofrimento? Como é este sofrimento, ele me paralisa e me impede de realizar funções que gostaria, como trabalhar, estudar e me divertir? E acredito que no fim, o mais importante seja: mesmo sabendo as vezes que preciso de ajuda, eu gostaria de ser ajudado?
Ir atrás de ajuda nem sempre é fácil, podemos enfrentar o medo, o julgamento e muitas vezes nos consideramos sem forças o suficiente para tal. Portanto, percebem como o processo de procurar terapia é complexo? O ato de buscar ajuda já faz parte de uma jornada de mudanças, o primeiro contato e as primeiras informações já se configuram como variantes da trama analítica.
Respondendo então à pergunta inicial: será que todo mundo deveria fazer terapia? Diria que não. Acredito que aquele que precisa de terapia é o qual, por conta própria, expõe o desejo de tê-la para si, é aquele que julga o sofrimento atual passível de ajuda e que essa ajuda é aceita e desejada.